Cloroquina e Hidroxicloroquina

Parecer Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) sobre a utilização da Cloroquina/Hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19**

Não recomenda uso da hidroxicloroquina

Baseados nas evidências atuais que avaliaram a utilização da hidroxicloroquina para a terapêutica da COVID-19, a Sociedade Brasileira de Imunologia conclui que ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na COVID-19, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina. Além disto, trata-se de um medicamento com efeitos adversos graves que devem ser levados em consideração. Desta forma, a SBI fortemente recomenda que sejam aguardados os resultados dos estudos randomizados multicêntricos em andamento, incluindo o estudo coordenado pela OMS, para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e suas associações para o tratamento da COVID-19.

https://sbi.org.br/2020/05/18/parecer-da-sociedade-brasileira-de-imunologia-sobre-a-utilizacao-da-cloroquina-hidroxicloroquina-para-o-tratamento-da-covid-19/


Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da COVID-19 (18/05/2020)

Sociedade Brasileira de Infectologia / Associação de Medicina Intensiva Brasileira / Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Recomenda contra o uso de rotina da cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina


INFORME DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS N° 13 (20/05/2020)

Como se acredita que a letalidade geral da COVID-19 seja de aproximadamente 3%, é adequado dizer que a expectativa é que 97% dos pacientes sintomáticos apresentarão cura mesmo sem tratamento antiviral. Portanto, se um protocolo for implantado para o uso universal de hidroxicloroquina + azitromicina, por exemplo,a todos os pacientes sintomáticos, a eficácia poderá ser aferida, se a taxa de cura for superior a 97%


PROCESSO CONSULTA CFM nº 8/2020 – PARECER CFM nº 4/2020 (23/04/2020)

https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28672:2020-04-23-13-08-36&catid=3

EMENTA:
Considerar o uso da cloroquina e hidroxicloroquina, em condições excepcionais, para o tratamento da COVID-19.

https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/pareceres/BR/2020/4


Recomendações nº 04/2020 do CREMERN (20/05/2020)

os Conselheiros estão cientes da falta de evidências científicas robustas para o tratamento dessa enfermidade. No presente momento, o descompasso entre os efeitos da pandemia e as respostas da ciência exigem um olhar diferenciado sobre essas observações.

http://www.cremern.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24754:2020-05-20-15-31-51&catid=3

Cerca de 25 páginas que aborda de forma geral o tratamento para COVID-19. Levanta alguns artigos e experiências de outros locais que foram favoráveis à cloroquina e hidroxicloroquina (com azitromicina).
Faz recomendação oficial favorável ao uso da hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, enoxaparina, oseltamivir, cada um com seu esquema próprio e suas indicações e contraindicações elencadas (vide o texto completo no link abaixo).

http://www.cremern.org.br/images/recomendaes%20cremern%2004-2020%20final.pdf


Editorial do New England intitulado Covid-19 — A Reminder to Reason (Abril, 2020)

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp2009405

Recomendo fortemente a leitura desse editorial! Ele discorre muito rapidamente sobre o porquê de em nosso esforço para “fazer o bem” para os nossos pacientes nós podemos cair na cilada dos vieses cognitivos e erros terapêuticos.

Discorre sobre:

  • o viés da disponibilidade (de informação) que faz com que demos maior ênfase a informações recém adquiridas
  • ancoragem que nos faz decidir muito precocemente e fechar as possibilidades
  • viés de confirmação que faz com que foquemos mais naquilo que está de acordo com os nossos conceitos preconcebidos
  • todo o impacto que o medo e ansiedade tem no nosso processo decisório

Why do doctors use treatments that do not work?

For many reasons—including their inability to stand idle and do nothing

https://sci-hub.tw/https://doi.org/10.1136/bmj.328.7438.474

Editorial do British Medical Journal (Fevereiro, 2004)

Vou colocar aqui apenas a lista que aparece em um quadro do editorial.

Razões para usar tratamentos ineficazes ou prejudiciais

• Experiência clínica
• Confiança excessiva em um desfecho substituto (surrogate endpoint)
• História natural da doença
• Amor pelo modelo fisiopatológico (que está errado)
• Ritual e mística
• Necessidade de fazer algo
• Ninguém faz a pergunta
• Expectativas dos pacientes (reais ou presumidas)